terça-feira, 26 de abril de 2011

O vizinho assassino

Suposições. Foi o que sobrou do massacre da escola de Realengo no dia 7de abril de 2011, onde 12 crianças foram mortas e várias ficaram feridas.
Palpites do que teria levado o assassino Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos a entrar na escola em que estudou e atirar em todos, confunde muitos.
Seria vítima de bullying? Opressão? Esquizofrenia?
Jornalistas, pessoas comuns, políticos, médicos, psicólogos, professores, quem conhecia e não conhecia o dito cujo, saiu espalhando suas teorias acerca do motivo crucial para tal atrocidade.
E se fosse esquizofrenia? O cara era muito reservado. Não saía de casa, não falava com ninguém e os vizinhos mal sabiam quem era ele. Agora, vamos refletir: você que mora na cidade grande, conhece quem mora perto da sua casa? A realidade é que não existe mais esse contato. Se o morador da casa em frente a minha morrer, não vou dar nem conta. E é o que tem acontecido. O esquizofrênico, o assassino, pode morar na sua rua. Pode até ignorar essa ideia, mas foi isso que aconteceu em Realengo.
Ser ex- aluno. Até hoje, entro e saio tranquilamente da escola onde estudei longos onze anos, o “Samuca”. Todos me conhecem e nunca proporcionei nenhuma dor de cabeça, nem para os meus pais, nem para a escola. Era quietinha nas aulas. Aparentemente, todos os sintomas que Wellington apresentava. No entanto, nunca me passou pela cabeça fazer algo parecido com seu feito.
Quando era mais nova, fazia aulas de piano todos os sábados. Como morava longe, ficava um longo tempo no terminal, aguardando o meu ônibus chegar. Todo sábado, uma moça sentava ao meu lado e lá ficava cerca de uma hora. Eu ouvia música e lia minha apostila. Ela, também ouvia música ou lia seu livro. Um ano se passou sem que trocássemos uma palavra se quer. E a cena se repetia todo santo sábado.
Moral da história: Poderia estar sentada ao lado de uma esquizofrênica assassina. No entanto, não quis me dar o trabalho de conhecê-la, de me aproximar dela. Somos estranhos vivendo no mesmo metro quadrado.
Isso me assusta. A nossa cultura é individualista. Protegemos aquilo que nos é importante, e resto é desinteressante aos nossos olhos.
Quem eram os amigos de Wellington? A família dele não sentiu sua falta? Nunca procurou ajuda médica?
Falta comunicação e reação por parte de todos.

As doze crianças? Estas não voltam mais.

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